A letter from Nov 24, 2022

Querida eu, Estou escrevendo isso porque preciso desabafar de alguma forma, não sei como estarei até lá, espero, sinceramente e com todo o meu coração, que esteja melhor. Não que esteja péssimo no momento, porque já passei por coisas piores e consegui lidar com todas elas, mas mesmo assim, algo não parece certo. Sinto um vazio dentro de mim e não sei exatamente o porquê disso. A única coisa que sei é que tento preencher esse vazio, que já está aqui há algum tempo, de maneira falha. Tento ficar melhor, beijo bocas que não fazem sentido algum (não foram muitas, mas mesmo assim fiz e acho que continuarei fazendo isso), tento encontrar conforto no álcool ou na nicotina (a segunda, bem mais frequente que o primeiro). Mas a realidade é que nada disso me faz feliz de verdade. Não passam de prazeres momentâneos, ou às vezes, nem isso. Estou de férias, finalizei o primeiro ano do ensino médio. E, esse foi o melhor ano da minha vida. Talvez parte do que estou sentindo seja o luto de deixar esse ano para trás, ou talvez não, sei lá. Talvez seja o luto de vários ciclos que se encerraram, ou talvez o medo dos novos ciclos se iniciando. Talvez seja porque depois de tanto tempo vivendo da mesma forma, descobri que as pessoas não são o que você espera delas. Elas te decepcionam, quebram o seu coração em vários pedacinhos. E quem tem que se esforçar para juntá-los e colocá-los em seu lugar original é você, só você. Talvez eu me sinta assim por medo de mim mesma, por não saber quem eu sou de verdade. Por não saber o que eu quero. Talvez eu me sinta assim por mentir inúmeras vezes para as pessoas que mais amo, porém que também são a origem dos meus maiores traumas internos. Talvez seja porque não consigo desapegar do passado, ou talvez apenas porque odeio me odiar. Talvez porque ser quem eu sou seja muito difícil. Eu amo uma parte de mim que está oculta para a maior parte das pessoas, e tenho medo de que se descobrirem ela, eles passem a me odiar, me olhar diferente apenas por ser quem eu sou e amar quem eu amo. Talvez seja porque eu não me sinto digna de ser amada. Queria, com todo o meu coração ser amada, mas não me sinto digna de tal sentimento, que é tão lindo e puro. Talvez seja uma mistura de todas essas coisas. Sinto que a minha cabeça é a minha prisão, e talvez essa prisão seja a mais confortável de todas, Porém, ainda sim, falta liberdade e felicidade. Com todo o meu coração e sinceridade, Seu eu do passado.