A letter from Oct 07, 2022

Oi Jéssica, tudo bem? Estou escrevendo porque sinto que é necessário, e provavelmente você sabe muito bem o porquê. Esses últimos anos tem sido difíceis, e olha, você até tem se virado bem até aqui. Mas eu (você) não aguento (a) mais, é cansativo, é doloroso e parece não valer a pena. Esse sentimento de vazio, de não ser boa em nada e não saber como vai ser o futuro está causando um caos em nossa vida, queremos desistir, no sentindo literal e amplo da palavra. Eu olho para as coisas que aparentemente eram para ser boas, habilidades que eram pra ser minhas, e não consigo enxergar sentido nenhum nelas. São inúteis, e não somos nem boas os suficiente nelas para fazer alguma diferença. Esportes e música costumavam ser minha distração, agora passaram a ser um peso, ser ruim naquilo que você era bom pode ser altamente destrutivo. Estou cansada, de trabalhar, de estudar, de tentar... O Enem está chegando novamente, e eu sei que não estou preparada o suficiente, me sinto a beira de um precipício. Espero que você não ache futuramente que isso seja um drama enorme, porque você realmente pensou em desistir de tudo, eu pensei, espero que estejamos bem. Estamos perdendo essa luta aos poucos, cada dia um passo mais próximo da beira, mas estamos tentando, ainda tentando, por enquanto. A aparência agora é o menor de seus problemas, mas se sentir burra e insuficiente está nos destruindo. Sua carta de 2021 chegou a pouco na minha caixa de entrada, sinto muito se eu a decepcionei, ou se não tive as escolhas mais maduras, mas saiba que eu tentei. Ainda não chegamos lá, não sabemos o que vem para frente, se talvez eu tenha conseguido meu objetivo atual que é ir para UFMG, enfim, embora eu esteja mal eu não vou desistir ainda, por você... E espero, sinceramente, que apesar do que você estiver enfrentando aí na frente, não desista, por mim, pela gente. Fica bem tá, se cuida e cuida de nós Um abraço de seu eu de 5 anos, que era feliz, de sua versão de 7 anos, que era destemida e acreditava em nós, da de 14, que apesar dos erros decidiu seguir enfrente, da de 15 que acreditou que podíamos ir além, da 16 que apesar do medo ainda esteve lá por nós, da de 18 que tentou mesmo sem ter motivação para tal, e peça um especial a seu aba, Ele sempre estara aí por você. Acreditamos em você, eu acredito. Até logo, Jéssica!