Press ← and → on your keyboard to move between
letters
ei, eu do futuro!
hoje eu escutei um podcast sobre autocompaixão e pensei bastente sobre o exercício proposto pela host, sobre escrever uma carta para si mesma se perdoando e demonstrando autocompaixão. isso me lembrou bastante que, na minha última carta pra você, eu te enchi de expectativas... pra variar.
sendo honesta, eu não consigo perdoar nossa Eu Do Passado, e tenho aversão a nossa Eu Atual. levando em conta o momento de nossa vida, sei que não devo esperar mudanças no macrocosmos, mas algumas mudanças no microcosmos talvez... quem sabe, né?
então, deixa eu te falar. eu não sou compreensiva comigo mesma - sei que consigo ser com os outros, mas comigo... nossa, definitivamente não. mas eu estou tentando, eu juro que estou tentando. é difícil, eu olho para nossos problemas com tanto ódio, olho para nossos erros com tanto ódio, olho para nosso Eu com tanta repulsa... é sempre esse sentimento de querer cessar a nossa existência, e é sufocante. mas eu seguro, eu aguento, eu respiro fundo (tomo remédios, dou umas surtadas etc, aquele nosso básico né) e tento pensar que vai ser uma fase. até quando essa fase vai durar eu não sei, mas eu espero que você saiba. me desculpa, já joguei uma expectativa em você, e essa nem era a minha intenção!
bom, vamos lá. agora pra valer.
eu não perdoei nosso eu do passado, e continuo jogando nela a culpa por tudo que dá errado na nossa vida. mas eu aceito os sentimentos. eu aceito os seus sentimentos, eu sei que nesse momento posso estar cometendo erros, mas eu estou acolhendo qualquer sentimento que surge. eu não estou ignorando a nossa sombra, eu estou olhando diretamente para ela, por mais desconfortável que ela seja.
eu reconheci vários aspectos dela e estou me esforçando muito para lidar com cada um deles... não de uma vez, até por que estou nessa jornada de auto conhecimento e redenção de forma solitária, tal qual um eremita. a autocompaixão soa como algo complexo, então resolvi dar uma pequena fragmentada, nos famigerados baby steps. estou tentando entender os gatilhos que causam as oscilações de humor, estou tentando aceitar os momentos que não tenho força para levantar da cama (e me parabenizando sempre por fazer isso), entou tentando entender que as vezes vou ter picos de serotonina e querer fazer várias coisas e que em outras vezes não vou conseguir nem lavar o rosto ou escovar os dentes. estou tentando entender que o fato de eu não ter desistido do trabalho, mesmo sentindo que é uma tortura diária pois o meu psicológico está sempre no limite, é algo a ser considerado!! pois quer dizer que, no fundo, ainda tenho uma forçinha que me impulsiona a me esforçar... sabe, até a caminhadinha idiota pelo quarto enquanto leio algumas páginas (ou fico vendo alguma rede social) já é algo que beneficia, pois estou me movimentando! ou quando resolvo comer alguma coisa, mesmo que aquela voz na cabeça fala que é errado e que não mereço comer, e realmente como, é algo bom pois estou respeitando o que meu corpo me pede, estou tentando ouvir a voz dele ao invés daquela voz na cabeça.
enfim... tudo isso que estou tentando fazer é com o objetivo de que você leia essa carta no futuro. não tenho coragem de colocar um futuro muito distante no destinatário, mas eu espero de coração poder ler essa carta. e se você não estiver fazendo mais o que falei acima, se tiver melhorado ou piorado, está tudo bem! qualquer esforço, por mínimo que seja, é um esforço e é válido.
espero que você esteja viva.
ainda não te amo, mas pretendo.
Epilogue
3 months lateroi, eu do passado!
sim, estou viva. eu gostaria muito de poder te dizer que as coisas melhoraram... assim, não é que não melhoraram. o embrulho, o...
This user has written an update to this letter.To see what they wrote, please
Sign in to FutureMe
or use your email address
Create an account
or use your email address
FutureMe uses cookies, read how
Share this FutureMe letter
Copy the link to your clipboard:
Or share directly via social media:
Why is this inappropriate?