Uma carta de 13 de outubro de 2022

Querido(a) eu do futuro, não consigo parar de pensar em toda dor que meus pais me causaram em 2021, as vezes penso tanto nisso que a angústia toma conta de mim e só consigo sair da cama para fazer o básico. Lembro de tudo o tempo todo, de todas as agressões verbais, de todos os meus surtos de raiva, de todas as vezes que chorei até quase desmaiar na frente deles implorando para que eles paracem de me machucar, mas eles somente me machucaram mais. Penso, como pode duas pessoas que um dia amei e confiei tanto, terem me traído dessa forma cruel e ainda agir como se as atitudes deles fossem algo banal. No meu pior momento não recebi um abraço ou palavra de conforto, só o que tive foram gritos e dois tapas para ela descontar a raiva que somente eu deveria sentir, porque naquele momento eu perdi um namorado e meus pais. Não temo dizer isso, até porque eles nunca vão conseguir tirar esse peso do meu peito, que me tira o ar quase todas as noites, eles não vão recuperar os momentos que eu poderia ter vivido com um garoto que realmente gostava de mim e que eu gostava também, mas estava com o psicológico tão fudido que fugi dele, para o bem dele. Eu só quero sair dessa casa.