A letter from January 4th, 2020

Oi… Bom, hoje é dia 4 de janeiro de 2020 e sinto uma necessidade bem grande de te escrever… Não sei se você estará viva até o final deste ano e sinceramente, espero que não. Acredito que a morte continua sendo e para sempre será uma ótima solução para mim. Os antidepressivos podem até me fazer não ter crises todos os dias e podem até me deixar mais engraçada e me fazer coisas legais mas eu continuo achando que você deveria morrer. Estou te escrevendo sem um pingo de vontade de chorar e olha que acabei de assistir “A culpa é das estrelas”. Acho que já me conformei, me conformei em estar depressiva, ser anti-social e estar querendo morrer a todo instante. Eu só ainda não me conformei com o fato de eu não ter amigos. Durante a visita da Hazel à casa da Anne Frank, a voz de uma menina dizia “onde há esperança há vida”, frase esta, da Anne. Inclusive, estou lendo o diário dela e, está havendo uma possível nova guerra entre os Estados Unidos e Irã (junto com o Iraque (e Rússia)). Mas esse não é o foco deste parágrafo… com essa frase da Anne, eu queria trazer um questionamento à ela mesma. Se eu perdi toda a esperança, eu estou morto? Já posso ser enterrado? Caso tenha achado isto que lhe escrevi sádico ou pesado demais, é porque agora você está melhor. Caso você tenha compreendido tudo e ainda sinta tudo isso, meu pêsames e desejo que você seja presenteada com a morte o mais breve possível. De qualquer forma, espero que você tenha tido bons momentos neste ano de 2020 e que você tenha melhorado fisicamente dos sintomas (principalmente dos problemas gastrointestinais) dessa doença que está te matando aos poucos. Com depressão e tristeza, Christie.